terça-feira, 12 de julho de 2011

Fragmentos: A Queda da Casa de Usher (1928)

Fragmentos é um espaço do blog que criei para postar grandes sequências de filmes entraram para a história do cinema e que merecem destaque por marcarem e carregarem consigo os traços da genialidade de seus autores, sejam estas imagens belas, perfeitas, técnicas, dramáticas, comoventes ou até aterradoras. 

Este primeiro post eu dediquei ao filme considerado a obra-prima de Jean Epstein, A Queda da Casa de Usher, adaptado da obra homônimo do escritor estadunidense Edgar Allan Poe. Com a assistência de direção e co-roteirização do cineasta surrealista Luis Buñel (que se desentendeu com Jean Epstein no meio das filmagens), o filme nos faz acompanhar a visita de Allan a casa de Sir Roderick Usher para ajudá-lo com a sua esposa Madeleine Usher, que está adoecendo profundamente sob estranhos sintomas. Aos poucos, Allan começa a perceber situações estranhas no lugar, e também que o lento falecimento de Madeleine está relacionado a obsessão de Roderick em imprimir a imagem da personagem nas pinturas que produz. Enquanto os quadros parecem ganhar vida, a esposa surge cada vez mais desprovida de energia.

Utilizando uma linguagem típica da avant-garde, A Queda da Casa de Usher é um importante exemplar do cinema impressionista francês, que apresenta características e recursos típicos desse movimento que deu início às vanguardas cinematográficas da década de 20. Então podemos perceber estratégias de ruptura ao modelo clássico narrativo através proezas técnico-estilísticas, como a explicitação (a não ocultação dos métodos utilizados na realização de um filme), deformações óticas e o contraste do claro e escuro (característica mais ligada ao expressionismo). Além disso, Epstein se empenha em retratar a atmosfera trágica e sobrenatural da história de origem ao rodear o casarão por invasivas névoas, com ventos que constantemente invadem as janelas do lugar e balançam as cortinas que mais parecem vivas, ao passo que, no final, a casa parece agonizar como se fosse um organismo vivo.

Na história, Madeleine morre e os personagens a enterram. Roderick, no entanto, fica obcecado com a idéia de que sua esposa ainda esteja viva, até que ela, no último ato do filme, realmente retorna a casa, em uma sequência que marca profundamente de tão sinistra e bela em sua composição.

Abaixo, o citado momento do filme:


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