
O mais interessante é que essas propagandas enganosas parecem ter sido disseminadas como consequência de uma grande incompreensão da própria tecnologia que estava (ainda está) sendo experimentada por parte dos produtores de cinema e dos exibidores. Dessa forma, o maior

É fato que existe um sobressalto quando um objeto com aparentes três dimensões voa em direção ao público, a impressão de solidez e palpabilidade realmente existe, mesmo que mínima. Contudo, na tecnologia 3D todas as imagens estão presas a tela, nada dali sai, pois diferentemente de uma imagem holográfica a 3D não ocupa um lugar em um espaço real, mas sim simula este espaço. Em sua essência, o cinema em três dimensões não foi criado para transpor nada da tela, e nem para criar esta impressão; ao contrário, ele parte do princípio de criar a profundidade dos elementos na imagem, através de uma técnica chamada estereoscópia, que consiste em captar uma mesma imagem em dois ângulos diferentes alinhados de forma horizontal, como se fosse a imagem de dois olhos, um esquerdo e outro direito. Essa técnica permite que vejamos objetos em uma imagem dotados de profundidade e não chapados, como na imagem de duas dimensões. A terceira dimensão, aliás, é a própria profundidade.
Já a tentativa de provocar essa impressão de transposição da tela (ou parede) pode acabar resultando para o espectador em uma frustrante quebra da quarta parede, o que, consequentemente, destrói a ilusão quando este descobre que objeto nenhum sai da tela, pois claro, tudo aquilo é ficção. Indo na contramão de muitas produções, a recente animação Como Treinar o seu Dragão esquece de tentar impressionar o público com os já clichês de "atirar coisas contra a platéia" e passa a trabalhar com o que realmente importa na imagem tridimensional: o seu terceiro elemento, a profundidade. Dessa forma, assim como no recente e impressionante Avatar, o que está no fundo, a nova dimensão dessa realidade fictícia e as impressões que causam ao espectador ganham maior relevância e são melhor experimentadas.
O cinema 3D não veio pra confundir a realidade fictícia da tela com a nossa de espectador, nem para confundir os espectador com o personagem. O cinema 3D veio pra tornar aquela história fictícia mais verdadeira, pra trabalhar mais ainda a nossa fantasia e imersão. No dia que o cinema se transformar numa espécie de game holográfico aí sim transportar objetos e personagens para fora da tela pode passar a funcionar narrativamente.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEssa postagem daqui era minha, tu removeu pq?
ResponderExcluirei, eu não removi não, Pedro. Simplesmente sumiu. Acho que nem cheguei a ler.
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